Eu sei que o papo de “tal coisa mudou minha vida” pode soar antiquado, exagerado e, muitas vezes, merecedor de um bom revirar de olhos. Mas para que serve o aprendizado, horas de leitura concentrada e centenas de anotações, se não for para causar um impacto na nossa vida?
Deixe-me contar o que aconteceu.
Quando decidi escrever livros, participei da Escola Escrever Viver do Nano Fregonese. Meus primeiros aprendizados sobre como conduzir uma história e técnicas que utilizo até hoje vieram de lá. Um dia, em uma de suas aulas, Nano nos apresentou alguns livros de desenvolvimento pessoal que, segundo ele, auxiliariam nossa formação como escritores. Ele também disse que escritores costumam ter o ego inflado e que precisaríamos trabalhar bastante neste ponto para não criarmos uma armadilha contra nós mesmos.
E com essa puxada de orelha, ele nos apresentou o livro “O ego é seu inimigo — Como dominar seu pior adversário”, de Ryan Holiday. Confesso que, apesar de ter comprado todos os livros indicados, só me rendi à leitura desse há pouco tempo — talvez por falta de tempo ou por meu ego achar que eu não precisava daquilo.
Já nas primeiras páginas, senti como se estivesse levando tapas na cara — que audácia daquele autor! Mas fui percebendo que o problema era eu, ou melhor, meu ego, reagindo a tantas verdades.
Nesse processo, até decidi submeter o livro que eu havia acabado de escrever a uma profissional de leitura crítica, porque — pasmem — eu estava com tanto medo de alguém encontrar problemas que me obrigariam a reescrevê-lo que estava tentando encontrar razões para não precisar — mas é claro que eu não admitia isso, estava apenas tentando me convencer de que a história estava boa e que ninguém encontraria problema algum. (Spoiler: a leitura crítica aconteceu, e, sim, problemas foram encontrados, e precisei realizar vários ajustes; ainda bem).
Também foi graças a essa virada de chave, ou de páginas, que decidi parar de esperar o momento certo e criar meu blog, publicando textos semanalmente. O que significa ter que dedicar mais tempo para estudar, refletir, criar e escrever — afinal, esse sempre foi o plano.
Eu li o livro “O ego é seu inimigo” e reli, e pretendo reler todo ano, como uma espécie de renovação de votos comigo mesma, sabe? Uma garantia de que não cometerei tantos erros “ego maníacos” de novo. No livro, o autor faz uma analogia com vassoura e poeira: se varrermos o chão uma vez, a poeira será eliminada; mas se não voltarmos a varrer com frequência, ela voltará.
Abaixo, listo 5 aprendizados que desmascararam o meu ego e impactaram minha vida já na primeira vez que os li.
1. Não se iluda com a centelha de inspiração inicial
Ao iniciarmos uma jornada, é fundamental desenvolver a capacidade de autoavaliação das nossas habilidades. Somente assim poderemos nos aperfeiçoar e aprender a enxergar além dos nossos pensamentos. Isso envolve a prática de se observar à distância, já que tendemos a ficar emocionalmente envolvidos em nossas atividades.
É comum termos uma visão especial sobre nosso trabalho, mas ela deve ser baseada na realidade. Como Ryan descreve no livro, precisa ser mais do que uma centelha passageira; precisamos nos preparar para o longo prazo, concentrando-nos na ação e na educação, e deixando de lado a busca por validação e status.
Sabe quando sentimos que estamos sendo observados e avaliados por todos, e por isso buscamos a aprovação alheia a todo custo? Muitas vezes, isso prejudica nosso objetivo final, pois nos perdemos ao tentar agradar e mostrar o quanto somos diferentes e incríveis.
2. Quem muita fala, pouco faz; e acaba sendo atropelado pelo ego
Frequentemente, as palavras e a exibição substituem a ação. Nas redes sociais, somos incentivados a compartilhar o que estamos fazendo, o que planejamos de interessante e como nosso ambiente está bonito e organizado.
É comum sentirmos nervosismo e insegurança no início de um novo projeto, assim como quando enfrentarmos momentos em que a disciplina nos falta. No entanto, para terminar o dia com a sensação de dever cumprido, muitas vezes postamos nas redes sociais uma foto que captura o único momento do dia em que realizamos o mínimo necessário, acompanhada de uma legenda motivacional.
Fazemos tudo isso em busca de aplausos e para aliviar o sentimento de culpa por não termos cumprido o necessário. Priorizamos a exposição de todas as coisas incríveis que pretendemos fazer, em vez de encarar os obstáculos, horas de estudo e ação necessárias para verdadeiramente vivenciarmos essas experiências incríveis.
O filósofo Kierkegaard já jogou na roda: “A mera tagarelice antecipa a fala real, e expressar o que ainda está no pensamento enfraquece a ação por antecipá-la”. O silêncio é escasso e raro. O sucesso vem dos nossos esforços e não da nossa fala.
3. Não se pode ser quando não se quer fazer
A realidade muitas vezes nos desvia das ações que nos tornariam alguém, levando-nos a fingir uma conquista que ainda está distante. Isso pode acontecer de forma sutil, nos enganando com a ideia de alcançar uma posição de poder, em vez de focar no que devemos fazer para adquirir o conhecimento necessário e, consequentemente, nos tornarmos essa pessoa.
Ficamos apaixonados pela imagem do sucesso, mas ter autoridade não é a mesma coisa de ser autoridade. Estar em um cargo pode não significar que mereça ou que tenha competência para isso. Em qual lado você quer estar?
O autor conclui dizendo: “Pense nisso na próxima vez que se sentir merecedor de alguma coisa, na próxima vez que confundir seu sonho com fama. Pense nisso sempre que se deparar com a escolha: preciso disso? Ou é só o meu ego falando? Você está pronto para tomar a decisão certa? Ou os prêmios ainda enchem seus olhos? Ser ou fazer? A vida é uma escolha interminável”.
4. Torne-se um eterno aprendiz
Não é possível evoluir quando se pensa que já sabe tudo; não é possível encontrar respostas se for orgulhoso demais para fazer perguntas.
Saber aceitar críticas é um bom começo, mas também devemos aprender a buscá-las e compreender que não somos seres especiais sem defeitos. Devemos identificar nossos erros, procurando pessoas que não hesitem em nos dizer o que pensam — excluindo, portanto, pais, amigos, parceiros e qualquer outra pessoa que sinta prazer em elogiar nosso trabalho e reforçar nossa inteligência. A massagem no ego pode ser agradável, eu sei, mas não é eficaz.
O ego nos apressa a chegar no final, porque somente fracassados tem paciência; nos diz que somos mais inteligentes que o resto do mundo, por isso não perdemos tempo; nos faz encarar um feedback como uma ofensa, uma teoria da conspiração para nos destruir.
5. Não seja tão apaixonado
Não permita que a paixão domine seus planos. Esse sentimento fervoroso frequentemente encobre a fraqueza. “Sua impetuosidade, seu frenesi e sua capacidade de nos tirar o fôlego são substitutos medíocres para a disciplina, a maestria, a força, o propósito e a perseverança”.
O apaixonado é capaz de descrever como será seu sucesso em detalhes: a pessoa que se tornará, quando alcançará e preocupações legítimas de quem está naquela posição. Mas não consegue mostrar progresso.
É o paradoxo da paixão: a pessoa está sempre ocupada, mas não conquista nada.
No início de um projeto, nossos sentimentos são intensos e impacientes, isso é paixão. No entanto, somente a realidade, o planejamento e a estratégia nos levarão adiante. A paixão coloca a forma acima da utilidade; o propósito é a utilidade. “Aja de acordo com o que você sente que deve fazer e dizer, não apenas com o que o encanta ou com o que deseja ser”.
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