Os livros marcantes que li em 2023 não são somente os melhores, mas aquelas que realmente deixaram alguma marca em mim.
Nem todos os livros são criados para deixarem essa marca no leitor. Eu li bons livros neste ano que me proporcionaram ótimos momentos e sentimentos, mas não exatamente me marcaram.
A existência dessa marca também pode não ser proposital, pois a leitura “conversa” com cada leitor de maneira diferente.
Antes de partirmos para a lista de leitura, quero explicar o que seria essa marca, para garantir que estamos partindo do mesmo principio.
Para mim, uma marca acontece quando o tema de um livro fica constantemente na minha cabeça, ou quando eu transformo, dou um novo significado ou modifico alguma ação minha depois daquela leitura.
Agora que já deixamos claro o que significa uma leitura “marcante”, vou compartilhar a lista dos livros que me impactaram neste ano. Quem sabe sua próxima leitura está aqui!
1 – Minha História (por Michelle Obama)
Quando leio uma autobiografia, sinto que estou mergulhando em uma conversa íntima e me tornando amiga daquela pessoa — e esse é apenas um dos motivos que me fazem amar ler biografias.
Em “Minha História”, começamos conhecendo a infância da Michelle, uma garota determinada e à frente do seu tempo. Grande parte dessa determinação se deve aos seus pais, que, preocupados com o futuro dela e do irmão, sempre os incentivaram a serem melhores em tudo, dentro de suas possibilidades.
Passamos por sua adolescência e pela conquista, a princípio tão distante, de cursar Direito em Harvard, e suas indagações sobre como ser útil ao mundo, incentivadas pelo namorado Barack (sim, o Obama).
No percurso até a presidência do marido, é impossível não lembrar daquela garota que, certamente, jamais imaginaria estar onde chegou. Um caminho de muita luta, poucos lamentos e estudo incansável. Nessa fase, encontramos um paralelo entre momentos memoráveis, compartilhados por jornais do mundo todo, e os pensamentos íntimos de Michelle, dando vida e humanidade a cada acontecimento — e sempre se perguntando se era boa o suficiente.
Impossível não se sentir em uma conversa íntima com Michelle, ouvindo sua história, aprendendo e se emocionando. Histórias inspiradoras nos trazem esperança; não de que podemos conseguir tudo, mas de que, ao menos, podemos chegar a algum lugar.
Ao longo da leitura, repensei vários momentos da minha vida, onde estava empregando minha energia e meu esforço, onde gostaria de chegar e o que estou fazendo para isso acontecer. Livros capazes de movimentar nossa vida sempre terão um lugar ilustre na minha vida.
2 – Um homem chamado Ove (por Fredric Blackman)
Ove é um homem solitário, rabugento e teimoso, e acha que está cercado por idiotas — Quem nunca? (risos). Ele vive em um condominio e é extremamente controlador com as regras locais, fiscalizando tudo que os vizinhos fazem.
A chegada de um casal de jovens para morar na casa em frente à sua, abala a paciência de Ove e isso nos garante boas risadas. Mas ao longo da leitura vamos descobrindo a história por trás de tanta amargura e entendendo sua personalidade e suas ações.
Este livro é engraçado e emocionante, com grande chance de fazer o leitor chorar, então, já garanta o lencinho.
Bônus: Existem dois filmes baseados neste livro. O primeiro é sueco, chama-se “Um homem chamado Ove” e foi lançado em 2015. O segundo é americano, chama-se “O pior vizinho do mundo” e foi lançado no início de 2023. Já assisti a ambos. Os dois são um pouco diferentes, mas igualmente bons e também me fizeram chorar — mas, como sempre, gosto mais do livro.
3 – Em busca de mim (por Viola Davis)
Mais uma biografia que me deixou sem ar em alguns momentos.
A infância de Viola me obrigou a parar a leitura para tentar imaginar o cenário descrito — e tentar entender como uma família poderia viver naquela situação, e como uma criança poderia crescer naquelas condições.
Em certos momentos, encontrei alguns pontos em comum com a minha infância, e logo aquele sentimento de entendimento abraçou minha leitura. Até o próximo choque me arrancar de lá, onde já não era mais o meu lugar.
Acompanhar a vida de Viola desde a sofrida infância até os momentos de glória com a conquista de grandes prêmios como atriz, ensinou-me muito mais do que perseverança e resiliência.
Floresceu em mim um verdadeiro sentimento de empatia, ao entendê-la com suas decisões e opiniões baseadas no que viveu até ali. A profundidade dos acontecimentos, permite-nos essa compreensão.
A leitura também me relembrou o quanto somos complexos, o quanto nossa vida é um emaranhado de caminhos, pessoas e situações. Nunca saberemos o que se passa internamente em outras vidas, até que os sobreviventes decidam externar.
Por fim, Viola ainda nos oferece os bastidores de grandes momentos em sua vida, suas críticas sobre determinados trabalhos, e, principalmente, as críticas alheias que anunciaram o seu, nunca consolidado, fracasso. E aí percebemos o quanto aquela menina, tão machucada, conseguiu crescer, apesar das cicatrizes, e encontrar o seu poder, esmagado por tanto tempo.
4 – Eu me demito (por Aline Cabral)
Lola está passando pela famosa crise dos trinta anos e sua vida não parece mais estar no caminho certo. Seu emprego não faz mais sentido e seu estilo de vida não a satisfaz mais como antes — ah, como te entendo, Lola.
Perdida sobre o que fazer, Lola acaba se afastando das pessoas que ama, talvez numa busca por descobrir por onde começar sem que percebam suas dúvidas e o desajeitado modo como lida com a vida.
Depois de sofrer uma rasteira no trabalho, Lola percebe que é hora de agir e não permitir mais que a vida a leve para qualquer lugar. Nesse caminho, surge Jota, o cara que prepara o melhor café do mundo, com quem Lola compartilha uma amizade colorida e alguns episódios de Grey’s Anatomy.
“Eu me demito” é uma leitura gostosa e divertida, mas que também nos traz profundas reflexões sobre a condução da nossa vida. Por vezes, penso nas questões que assombravam Lola, porque, vez ou outra, também sou assombrada por elas.
O romance com estilo anos 90 também traz um aconchego que nos faz querer morar lá.
5 – O pequeno caderno das coisas não ditas (por Clare Pooley)
Mônica encontra um caderno de capa verde deixado na mesa do seu café com o título “Projeto Autenticidade”. As primeiras páginas são escritas por Julian, um homem de setenta e nove anos, que questiona:
Quanto você realmente conhece as pessoas que moram perto da sua casa? Por acaso você sabe o nome dos seus vizinhos? Saberia se eles estivessem com problemas, ou se passassem dias sem sair de casa?”
Julian conta sua história, a verdadeira história, e sugere que a próxima pessoa que encontrar o caderno faça o mesmo. Mônica dá sequência ao projeto e o caderno começa a circular pela cidade de Londres, sendo encontrado em lugares diversos e invadindo o íntimo das pessoas que aceitam participar da corrente.
As vidas das pessoas que encontram o caderno acabam se conectando e passando por grandes transformações. Adorei a forma como as histórias se entrelaçaram.
Este livro nos faz refletir sobre o quanto não conhecemos as pessoas a nossa volta e que tipo de história estamos contando ao mundo e a nós mesmos.
6 – O peso do pássaro morto (por Aline Bei)
“O peso do pássaro morto” é todo escrito em frases curtas, e assim descobrimos que pouquíssimas palavras são suficientes para descrever a profundidade dos sentimentos.
A narrativa acompanha a vida de uma mulher desde a infância até a velhice, utilizando frases curtas, cruas e cruéis para descrever cada acontecimento. Fiquei pensando em como um livro pequeno pode dizer tanto com tão poucas palavras.
Por vezes, precisei parar a leitura para absorver o que acabava de ler. Mas, por fim, o que mais me deixou pensativa foi perceber que a personagem levava uma vida comum e isso me deixou um gosto amargo ao compreender o quanto viver pode ser cruel em vários momentos.
Bônus: Este livro está disponível gratuitamente em e-book, e eu consegui reserva imediata, na BibliON. Aliás, já falei desta plataforma e de outras formas de ler e-books gratuitos ou com baixo custo aqui.
7 – Três vezes quebrada, (por Thais Nunes)
Proprietária de uma boate em Florianópolis, Rebeca tem uma vida noturna agitada, mas não pelos motivos que as pessoas acreditam. Sendo bastante conhecida na cidade, seu nome vive na boca das pessoas e em um site de fofocas local.
Exausta pelo trabalho e pela exposição que a reinauguração trouxe, Rebeca se sente aliviada com o fim da reforma até descobrir que alguém está invadindo seu apartamento e controlando suas coisas. Sua melhor amiga, a única pessoa em quem confia, tenta ajudá-la, mas acaba desaparecendo misteriosamente. Rebeca procura ajuda, mas até onde se pode confiar na mente de uma pessoa que passa suas noites consumindo álcool até perder a consciência?
Não poderia deixar de fora este livro, escrito por mim, que fala sobre superação e recomeços. Com uma boa dose de mistério e reviravoltas que vão mexer com o seu cérebro, rs.
Leia e depois volte para me contar.
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