Descobri o maravilhoso mundo das bibliotecas na escola, lá pelo ano 2000, bem distante de toda tecnologia atual. Na primeira vez, os livros ficavam em um pequeno armário no chão. No intervalo, algumas poucas crianças, incluindo eu, disputavam espaço para encontrar livros de seus interesses através da pequena porta do balcão.
Mais tarde, em outra escola, a biblioteca era um pouco maior, do tamanho de uma sala de aula. Algumas prateleiras de ferro, devidamente nomeadas, guardavam uma boa variedade de livros. Foi ali que encontrei os livros do Paulo Coelho e me apaixonei por eles.
Depois, já em 2010, eu estudava em uma universidade com uma biblioteca imensa. Além disso, quase em frente à biblioteca, havia uma livraria. Foi nesses cenários que eu passava horas escolhendo livros para ler.
Com o tempo, cansei de precisar ler uma infinidade de sinopses nas contracapas para encontrar a leitura do momento. Não porque eu não gostasse, mas porque meu tempo, assim como o de todo mundo, estava cada vez mais curto. Além disso, eu gostaria de saber a opinião e receber indicações de outras pessoas, mas, naquela época, eu não tinha ao meu redor muitos leitores com quem pudesse compartilhar ideias sobre livros.
Nesse tempo, descobri o blog de uma garota que postava resenhas de livros que me interessavam — infelizmente, o site não existe mais e, anos depois, encontrei a antiga blogueira no Instagram com perfil fechado e nada relacionado à literatura. Esse blog foi minha salvação! Além das resenhas, quem acompanhava deixava suas opiniões e indicava outras leituras na seção de comentários. Nas oportunidades em que eu podia comprar livros, que não eram muitas, escolhia algum indicado naquele blog — até tentei ter o meu próprio blog de resenhas e cheguei a escrever a primeira, mas achava que precisaria ter os livros do momento para gerar interesse nos leitores, e isso estava fora de cogitação.
Mas a tecnologia avançou rapidamente, e o formato de compartilhamento de opiniões sobre leitura se adaptou, trazendo benefícios para os leitores, mas também alguns problemas que veremos mais adiante.
Se você se perdeu pelo caminho e não sabe exatamente onde encontrar informações sobre leitura, continue lendo que eu vou te ajudar a se situar. Eu também, por mais que gostasse de ler desde sempre, levei um tempo para descobrir como as coisas estavam funcionando.
A seguir, vou apresentar algumas opções sobre como a tecnologia está afetando a forma como as pessoas compartilham e discutem livros e como você pode se beneficiar disso. Também trago uma análise sobre algumas preocupações que esse avanço tecnológico trouxe.
Skoob: Conheça a rede social para leitores
O Skoob é uma rede social para leitores onde você cria seu perfil, segue outras pessoas e também é seguido. O que a diferencia das outras é que ela é totalmente voltada para leitores.
Nela, você inclui os livros que pretende ler, os livros que já leu e o que está lendo — com a opção de cronometrar sua leitura e programar quando terminará. Você também pode avaliar suas leituras, escrevendo resenhas, e conhecer a avaliação de outros leitores. Todas essas ações são acompanhadas por seus seguidores.
Existe um espaço onde editoras disponibilizam livros para sorteio. Você escolhe o livro do seu interesse e, com apenas um clique, já está participando. Em outra aba, você encontra os lançamentos do momento.
São tantas opções legais nesse aplicativo que se você é amante de leituras e gosta de organizar o que está lendo, não pode deixar de ter o seu perfil.
Saiba quem são os Booktokers, Booktubers e Bookstagrammers
Lembra que mencionei no início deste texto que, há uns dez anos, eu acompanhava resenhas e opiniões sobre livros através de um blog literário? Essa prática evoluiu junto com a tecnologia, é claro, e se fragmentou em várias opções disponíveis. Então, vamos às nomenclaturas:
- Booktoker: Representa a galera que fala sobre livros no TikTok. O Booktok se tornou uma grande comunidade literária por lá, com milhões de seguidores. Atualmente, o Booktok possui uma influência tão significativa no mercado literário que já foi responsável por colocar livros na lista de mais vendidos — inclusive livros lançados há bastante tempo e que já tinham perdido ‘o seu tempo de brilhar’, mas foram revividos pelos Booktokers. Para acessar essa comunidade, basta pesquisar pela hashtag #booktok nas buscas do TikTok e se deliciar com as várias opções de contas dedicadas aos livros e à literatura. Lembre-se disso quando alguém disser que o TikTok é apenas ‘dancinha’ e perda de tempo; tudo depende do interesse de cada um.
- Booktuber: Essa é a galera que fala de livros no YouTube. Acredito que muitos blogueiros literários migraram para o YouTube quando os vídeos passaram a despertar mais interesse nas pessoas e o YouTube se tornou mais conhecido. É muito fácil encontrar conteúdos sobre livros por lá, basta fazer buscas sobre leituras do seu interesse. Com a possibilidade de vídeos mais longos, os conteúdos literários no YouTube costumam ser mais variados e completos. Então, se você não é adepto ao TikTok e curte vídeos mais longos, a comunidade literária do YouTube pode ser uma boa opção para você.
- Bookstagrammer: A essa altura, você já deve imaginar quem é essa galera, né? São as pessoas dedicadas a falar sobre livros no Instagram. Existem muitas contas sobre livros por lá. Inicialmente, eram usados textos curtos e imagens, mas com a ascensão dos reels, a galera migrou um pouco para esse formato também. A comunidade literária do Instagram é a que mais acompanho, pois estou mais presente nessa rede. Se você quer entrar nesse universo literário do Instagram, basta procurar pela hashtag #bookstagram ou qualquer outra relacionada a livros que você vai encontrar um monte de páginas legais falando de livros para todos os gostos.
Nesse tópico, eu trouxe as comunidades literárias mais conhecidas, mas saiba que onde existir uma rede social, haverá pessoas falando de livros por lá. Por exemplo: também tem gente falando de livros no x (ex-Twitter) e no Pinterest. Escolha a sua rede e seja feliz.
Não tenha vergonha de mostrar suas leituras nas suas redes sociais
Como mencionei antes, costumo acompanhar bastante a galera que fala de livros no Instagram — e também sempre dedico postagens no meu perfil para falar sobre as leituras que faço e que gostaria de recomendar. O que me surpreendeu recentemente foi descobrir que muitas pessoas têm vergonha de mostrar o que estão lendo em suas redes sociais, mesmo tendo vontade de compartilhá-las. Os motivos são sempre os mesmos: medo de seus seguidores as acharem ‘metidas’ por estarem mostrando que estão lendo!
Eu realmente não sabia que esse sentimento existia, mas através dessa comunidade literária encontrei vários relatos assim. Eu sei que existe um mito em volta da figura do leitor e algumas pessoas não querem se parecer com ele, por não condizer com sua personalidade; mas também penso que é justamente por esse motivo que as pessoas deveriam divulgar mais seu hábito de leitura e desmistificar esse padrão de leitor, mostrando que qualquer um pode apreciar livros e falar sobre eles; quando digo ‘qualquer um’ me refiro a independer do estilo de vida da pessoa e de seus gostos pessoais, já que se costuma pensar que quem gosta de livros são pessoas fechadas, intelectuais e tímidas.
Acredito que esse movimento de mostrar suas leituras pode incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo, principalmente quando elas se veem em você. Se esse for o seu caso, pense em como o benefício do incentivo a leitura é mais positivamente impactante do que alguém pensar que você está querendo ‘se aparecer’ — é realmente esse tipo de pessoa que você quer que interfira nas suas ações?
Mas… a evolução da tecnologia também traz algumas preocupações
Até aqui, vimos como a tecnologia está afetando a forma como as pessoas compartilham e discutem livros. Mas, como tudo na vida, apesar dos novos benefícios com a modernidade da tecnologia, temos novas preocupações também.
Em um artigo publicado no Publishnews por Zoara Failla, que, entre outras atribuições, é coordenadora da pesquisa ‘Retratos da Leitura no Brasil’ — uma importante pesquisa que retrata o comportamento leitor dos brasileiros —, ela faz uma análise do comportamento dos leitores a partir das bienais do Rio e São Paulo, que são os maiores eventos literários do país.
Neste artigo, Zoara faz uma análise sobre os novos interesses dos leitores. Ela cita pesquisas e estudos, mas a verdade é que esse movimento já está bem claro: o interesse maior pelos autores e influenciadores literários do que pela leitura, de fato.
É nítido o quanto a vontade de conhecer e registrar o momento com seu autor favorito movimenta filas de fãs, que, obviamente, também são leitores. No entanto, a preocupação que fica é a de que, se esses fiéis seguidores, que leem tudo que o influenciador preferido indica ou o que o autor favorito publica, buscam desenvolver seu senso crítico e criar novos desafios para evoluírem suas habilidades de leitura.
Se quiser, acesse o artigo na íntegra aqui e conheça os detalhes dessa análise e as preocupações dos estudiosos da leitura. Rende uma ótima reflexão.
Por fim, na minha opinião, toda leitura deve ser prazerosa, mesmo que inicialmente exija um pouco de esforço para que o cérebro se adapte a esse novo hábito; como já expliquei aqui. Não sou do tipo que acredita que todo livro tenha o mesmo valor literário, nem que o mesmo livro tenha o mesmo valor literário para todos. Defendo sempre a evolução da leitura, por conhecer o que esse hábito acarreta ao ser humano; mas, antes de tudo, você precisa entender aonde quer chegar, e se quer chegar, através da leitura, para que não se torne um fardo.
Se for do seu interesse, não deixe de acompanhar quem se dedica a falar de livros. A leitura é uma atividade solitária e uma experiencia única, e acredito que esse seja o maior diferencial dos livros em relação a outras formas artísticas de contar histórias.
Conheça minha lista de livros favoritos aqui.
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