Thais Nunes | Escritora e Autora

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7 conselhos que você precisa saber antes de escrever um livro

7 conselhos que você precisa conhecer antes de escrever um livro

Desde que eu publiquei meu primeiro romance, recebo perguntas sobre como escrever um livro, como organizar o enredo, como publicar e “ai meu Deus”. 

No entanto, ninguém pergunta o que vem antes, e antes vem bastante coisa. Quando comecei a me preparar para escrever, estava ansiosa para usar o dom que acreditava ter e arrasar.

Pelo menos tive paciência para estudar e entender como começar; mais adiante, vou contar como me preparei. Durante esse processo, recebi tanta informação que acabei me perdendo um pouco; também vou compartilhar como evitar os mesmos erros que cometi.

Se você quer escrever um livro e não tem ideia de como começar nem qual será o futuro dessa obra, os conselhos a seguir são para você. Vou detalhar o que acredito que você precisa saber antes de escrever um livro, minhas experiências e, pincipalmente, os meus erros.

1. A parte mais importante na produção de um livro é escrever

Parece óbvio, mas na parte principal, que é escrever, muita gente se atrapalha. Esqueça tudo o que vem depois e escreva. Pense que nenhuma outra etapa terá importância se o livro não existir.

Eu levei um tempo para entender que meu foco total deveria estar na escrita do livro. É normal ficarmos ansiosos quando descobrimos tudo o que precisa ser feito para um livro ser publicado, existem ações que precisam ser feitas antes mesmo de começarmos a escrever. 

Mas, pense comigo: você nunca escreveu um livro, não tem experiência nem intimidade com a escrita de um livro e não tem agilidade na escrita, que normalmente se desenvolve com o tempo e a prática. 

Sabe o que isso significa?

Que o seu maior desafio será a escrita. Portanto, concentre toda a sua energia nisso!

Mas, antes de começar, planeje seus momentos de escrita e mantenha a disciplina.

2. Tenha disciplina, a empolgação inicial de escrever um livro vai diminuir

Organize suas sessões de escrita e estabeleça metas para alcançar em cada uma delas. Pode ser uma quantidade de tempo, páginas ou carácteres; com o tempo, você descobre qual objetivo funciona melhor para você.

A empolgação de contar a história irá diminuir. Em algumas vezes, você se sentirá mais inspirado para escrever do que em outras, mas não dependa exclusivamente disso, a menos que não se importe com quanto tempo levará para concluir seu manuscrito, se o concluir.

Os momentos de inspiração costumam aparecer com pouca frequência e em horários imprevisíveis, então, depender deles irá arrastar a conclusão do seu livro.

Apenas sente-se e escreva o que precisa ser escrito, mesmo que pareça ruim. Eu também acho desagradável escrever de maneira forçada, mas, em vários momentos, quando leio o que escrevi no dia seguinte, percebo que não está tão ruim como pensei. Ou até pode estar ruim, mas cada frase passará por tanta revisão que, nesse momento, o mais importante é colocar as ideias no papel.

3. Não antecipe as etapas

Antecipar as etapas é um erro poderoso que muita gente comete. Como mencionei antes, ao iniciar os estudos sobre a escrita de um livro, somos inundados por tantas dicas e recomendações que acabamos nos confundindo e nos distanciando do foco principal, que é o livro.

Para quem busca uma carreira, a recomendação clássica do marketing digital para escritores é: construa sua audiência antes de publicar o livro.

Construir uma audiência antecipadamente é uma boa recomendação e existem alguns casos de sucesso para servir de exemplo. O problema é que você precisa escrever seu livro e não tem experiência nisso, lembra?

Essa foi a etapa em que cometi mais erros. Eu precisava compartilhar com o meu mundo que estava escrevendo um livro, o que é uma boa estratégia, pois comprometer-se publicamente com algo nos motiva a continuar. Mas aí eu deitei na ladeira e rolei.

Basicamente, eu queria demonstrar através das minhas redes sociais que eu tinha habilidade na escrita e assim criar uma audiência que gostasse do que eu escrevia. Estudei marketing digital com foco em redes sociais e comecei a aplicar o que estava aprendendo com extrema dedicação. 

Eu precisa ser criativa e disciplinada para fazer publicações frequentes nas minhas páginas. Publicações em redes sociais dão bastante trabalho; tem a legenda que, para quem quer divulgar sua escrita, é uma parte importantíssima; e tem a fotografia que precisa ser bonita e atrativa. Depois vieram os vídeos! A maior divulgação está em vídeos, faça videos, muitos vídeos, vídeos vídeos, vídeos. Você sabe o trabalho que é encontrar ideias, gravar o vídeo e editar? 

É bastante trabalho que nem sobra tempo para escrever.

Bem, esse é o trabalho que qualquer profissional que precisa promover seu serviço na internet terá, inclusive você, se quiser divulgar seu livro. Mas não se esqueça de que o livro precisa existir.

Em resumo: não abandone o marketing se você quiser promover seu livro, mesmo que ainda esteja na fase de produção, mas sempre dê prioridade à escrita. Se você estiver tendo dificuldades para seguir seu cronograma de escrita porque está se dedicando mais a outras etapas, pare tudo e reavalie suas ações. E se for necessário, deixe para pensar na divulgação só quando a belezura do manuscrito estiver pronto.

4. Escreva o melhor livro que você puder, mas não se compare com quem já está na estrada há mais tempo

Dê o seu melhor, mas lembre-se de que o seu melhor de hoje será inferior ao seu melhor daqui a um ano, se você continuar estudando e praticando.

Uma das principais recomendações de qualquer curso de escrita é que o manuscrito nunca será perfeito; portanto, devemos saber quando concluir as revisões para não cair em um ciclo infinito de alterações. 

Mas não devemos confundir perfeição com o melhor que podemos fazer.

Antes de enviar meu primeiro manuscrito para a profissional que realizaria a leitura crítica, revisei bastante o texto, mas eu ainda tinha várias dúvidas sobre pontos do enredo. Como era a primeira vez que alguém avaliaria um manuscrito meu, decidi parar de fazer alterações e esperar pela avaliação.

Minhas suspeitas de que havia certos problemas se confirmaram; a leitora crítica apontou todos eles e muito mais! Sua última frase foi:  “Como é seu primeiro manuscrito, não vale a pena alterar tanto, só faça as correções mais importantes e publique assim”.

Estando ciente de vários problemas no meu texto e de que poderia corrigi-los, mesmo que isso me custasse mais tempo, por que eu publicaria daquele jeito? Eu não aceitei e reescrevi o livro todo.

Note que eu não estava buscando a perfeição, mas sabia que tinha a capacidade de fazer melhor, e foi isso que busquei. No final, consegui melhorar o texto e também adquiri uma valiosa experiência para projetos futuros.

Hoje, tenho dois livros publicados. Tenho consciência de que o primeiro não está tão bom quanto estaria se eu o escrevesse hoje, mas utilizei o melhor que sabia na época. O segundo está melhor que o primeiro, mas quando comecei a trabalhar no terceiro, senti que estava mais preparada do que estava quando iniciei o segundo. 

Há algum tempo, pensei em reescrever meu primeiro livro publicado, pois havia adquirido mais experiência e acreditava que poderia melhora-lo. Mas, depois entendi que será sempre assim, e precisamos respeitar nosso processo.

Quando leio livros de autores famosos e muito mais experientes do que eu, noto a diferença nas técnicas e tento aplicá-las aos meus escritos. No entanto, se eu esperasse que meus livros tivessem a mesma qualidade desde o início, eu jamais teria publicado nada. 

Hoje, não me sinto envergonhada ao perceber que um texto que publiquei anos atrás não está tão bom quanto eu imaginava na época; fico feliz por estar percebendo isso, pois é um sinal de que minha escrita evoluiu.

5. Acredite, seu primeiro manuscrito será ruim

Faça o melhor que conseguir no seu primeiro manuscrito, mas tenha em mente que ficará ruim. É o seu primeiro manuscrito, você não tem experiência; o seu melhor será ruim.

Qualquer manuscrito inicial passa por grandes ajustes, mas o primeiro da sua vida será o pior de todos. Comece a escrever aceitando isso, para evitar problemas futuros.

Antes de eu começar a escrever o primeiro livro, ouvia muito isso. No entanto, eu tinha certeza de que comigo não seria assim, e tenho certeza de que você pensará o mesmo, afinal, sua ideia é muito boa e tal.

Os primeiros parágrafos foram difíceis e, naquele momento, confirmei que a primeira versão ficaria ruim mesmo. Mas depois de algumas páginas, a confiança voltou, e com ela a certeza de que meu manuscrito não precisaria de uma segunda versão (Spoiler: eu perdi as contas, mas acho que tive quatro versões e incontáveis revisões).

Imagine minha frustração quando a leitora crítica condenou até a alma da minha história!

Para não cair na frustração ou publicar um livro terrível logo de cara: aceite que estará ruim antes mesmo de começar e, por favor, considere isso quando terminar de escrever; isso significa que terá um grande trabalho de edição e revisão pela frente!

6. Estude a teoria, mas seja livre e não se prenda a tantos detalhes

Conheça a teoria para poder decidir se vai utilizá-la.

Alguns autores famosos, como Stephen King, já afirmaram que não utilizam roteiro para escrever suas histórias; eles têm a ideia, vão escrevendo e veem o que acontece.

Eu sugiro que você não tente escrever “à moda adoidado”. Eu não sou o King, nem você é, então vamos evitar esses caminhos difíceis.

Estudei muito sobre a construção de histórias antes de digitar a primeira palavra do meu manuscrito. Criei um roteiro e deixei as cenas bem estruturadas antes de mergulhar de cabeça no desenvolvimento. Foi uma ótima decisão, porque me senti segura escrevendo, sabendo que não estava à deriva.

Muitos autores deixam de organizar o enredo antes de começar a escrever e nunca terminam, ou a história fica girando e não chega a lugar algum. Ou, quando terminam, a história se torna uma confusão de acontecimentos por não ter seus objetivos bem definidos.

Não existe uma maneira correta de estruturar as histórias; cada autor experimenta e utiliza o que lhe agrada. No entanto, é importante conhecer as técnicas padrões e, a partir delas, entender quais são as suas.

E se, algum dia, você decidir que vai escrever sem planejamento prévio, não será por falta de técnica, mas porque entendeu que o tipo de história que quer contar se encaixa melhor nessa estratégia.

Um grande erro que cometi nessa fase foi me apegar demais às recomendações de escrever apenas o necessário e cortar os ‘que’, de tanto que li sobre isso. Eu cortava tantas palavras que a narrativa e os personagens adotavam o estilo ‘curto e grosso’, e os acontecimentos passavam correndo. Por isso, é importante você conhecer as regras, mas saber como aplicá-las ao seu texto.

Vou deixar aqui uma lista dos livros e cursos de escrita que já fiz e que já me ajudaram no início.

Livros:

  • Escrever ficção: Um manual de criação literária, autor Assis Brasil (conheça aqui);
  • Como funciona a ficção, autor James Wood (conheça aqui);
  • A Jornada do Escritor: Estrutura Mítica para Escritores, autor Christopher Vogler (conheça aqui); 
  • Para ler como um escritor: Um guia para quem gosta de livros e para quem quer escrevê-los, autora Francine Prose (conheça aqui).

Curso:

Escola Escrever & Viver, por Nano Fregonesi  (conheça aqui)

7. Leia muito sobre tudo, e seja curioso

A base da formação de um escritor é a leitura. Não foque apenas em livros do mesmo gênero que você escreve; leia muito sobre tudo.

As experiências vividas por você ajudarão a escrever, mas por meio da leitura de livros, você consegue vivenciar outras experiências e melhorar sua escrita (deixei no tópico anterior e também vou deixar aqui o link de um bom livro que te ensina a ler como um escritor).

Seja curioso sobre o mundo e sobre as pessoas; essas informações te darão bagagem para criar personagens interessantes e sempre ter novas ideias.

Mas não esqueça de respeitar e acreditar na sua evolução. Os estudos e a dedicação te darão resultados de forma gradativa se você praticar.

Então, mãos à obra!

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