Pelo senso comum, temos a impressão de que as pessoas estão demonstrando empatia cada vez menos, mas encontrei algumas pesquisas que comprovam que nossa impressão tem fundamento.
Antes de continuarmos, sei que você deve estar fazendo careta e pensando: “lá vem ela com a palavrinha da moda.”
Primeiro, minha teoria é que a palavra ficou famosa justamente por sua ausência. Algumas pessoas notaram sua falta no dia a dia e começaram a questionar: onde está a empatia desse povo?
A palavra se tornou famosa e passou a ser usada em qualquer contexto sem o menor cuidado, infelizmente. Isso nos leva a uma segunda questão.
Muita gente não compreende o verdadeiro significado da empatia, mesmo que a mencionem frequentemente em seus discursos.
Então, deixe-me começar esclarecendo as coisas: Empatia NÃO é sentir compaixão pelo outro, nem é trazer o sofrimento do outro para nossas vidas e tentar imaginar como reagiríamos em seu lugar.
Empatia é a habilidade de se colocar no lugar do outro, sentir o que ele está sentindo e compreender seus sentimentos; é sair do seu próprio mundo e entrar no mundo do outro para ter a mesma perspectiva que ele está tendo. Sendo assim, é possível sentir empatia por alguém mesmo sem concordar com suas atitudes, mas entendendo que, dentro do contexto em que ele está, você compreende suas ações.
Não é fácil ser uma pessoa empática. Quantas pessoas você conhece que conseguem, verdadeiramente, se colocar no lugar do outro para entendê-lo em vez de julgá-lo com base em suas próprias experiências?
Poucas, não é mesmo? Mesmo que a empatia seja um sentimento natural para o ser humano, já que todos nascemos com a capacidade de ser empáticos, com o passar dos anos, a falta de estímulos e prática faz com que percamos essa habilidade.
É claro que pessoas neurodivergentes, que têm um desenvolvimento neurológico diferente do padrão esperado pela sociedade, podem não se enquadrar nesse comportamento, mas esse é um outro rolê que não se encaixa no assunto nesse momento.
Uma descoberta recente revelou a existência de neurônios “espelhados” em nosso cérebro, responsáveis por nos fazer sentir o que outra pessoa sente.
Empatia é um sentimento natural que ocorre através dos neurônios-espelho
Um estudo realizado no final da década de 90 revelou a existência dos neurônios-espelho, nomeados dessa forma devido ao seu comportamento espelhado.
Alguns macacos participaram de uma pesquisa que analisava suas habilidades motoras. Durante o estudo, os cientistas descobriram que quando um macaco observava outro realizando alguma tarefa, a mesma atividade cerebral ocorria em ambos os animais, como se os dois estivessem praticando aquela atividade, embora um estivesse apenas observando. Ao aprofundar a pesquisa, chegaram à conclusão de que o mesmo fenômeno ocorre em seres humanos.
As habilidades desses neurônios-espelho até passaram a ser exploradas pela galera do marketing, através da manipulação do sentimento das pessoas.
Esse ato de ver alguém passando por alguma situação e sentir exatamente o que ele está sentindo é o que chamamos de empatia. Conclui-se, portanto, que nascemos com essa habilidade, mas a falta de prática ao longo da vida a faz deixar de se desenvolver.
Há pesquisas em todo o mundo apontando que o número de empáticos está diminuindo, especialmente entre os jovens.
Em uma delas, realizada aqui no Brasil, a conclusão apontou o desenvolvimento da tecnologia como uma das principais causas para que os jovens prestem menos atenção no outro e mais em si mesmos; eles tendem a “olhar mais para baixo” do que nos olhos dos outros, o que reduz sua capacidade empática.
Saiba como exercitar a empatia
Não existe mágica. Se você for capaz, é necessário fazer um esforço constante para exercitar o sentimento de empatia. No entanto, quando se trata de crianças e jovens, esse trabalho recai sobre seus responsáveis.
Mas, para que isso aconteça, os responsáveis também precisam praticar a empatia, afinal, não se pode ensinar e ser exemplo de algo que não se pratica, não é mesmo?
Se imaginar no lugar do outro, com riqueza de detalhes, é o principal passo, mas aprender a ouvir o outro é um excelente começo. Vou te mostrar um exemplo de como as pessoas geralmente não costumam se ouvir:
— Você nem imagina como foi o meu fim de semana! Alugamos uma linda casa na serra e, quando chegamos lá, ocorreu um apagão! O proprietário não conseguiu resolver o problema, e tivemos que passar o fim de semana inteiro sem energia elétrica, já que nossa casa estava em reforma e não poderíamos voltar. Foi bem difícil!
— E eu que estava dirigindo para a capital e meu carro quebrou bem no meio da BR 101? Eu tive que passar a noite dentro do carro!
— Nossa, que perigoso! Mas como eu estava dizendo, foi assustador passar a noite na total escuridão na serra. Nós ouvíamos barulhos de animais na mata ao redor e não conseguíamos ver nada do lado de fora! Sem mencionar o frio que enfrentamos.
— Pelo menos vocês dormiram dentro de uma casa. Imagine eu, que tive que passar a noite dentro de um carro à beira da estrada?
Ou:
— Sabia que, no final deste ano, vou fazer uma viagem de cinco dias a bordo de um cruzeiro pelo litoral brasileiro, do sul ao norte? Estou tão empolgado!
— No ano passado, minha família e eu passamos vinte dias viajando em um cruzeiro de Miami até a Grécia!
— Nossa, que legal! No cruzeiro que eu vou, todas as refeições já estão incluídas no valor que paguei. Mal posso esperar para comer e beber muito!
— No cruzeiro em que estivemos também era assim. Além disso, tínhamos direito a uma garrafa de vinho por noite e um coquetel de frutas todas as manhãs na varanda do nosso quarto.
Irritante e familiar, não é? Parece que ninguém mais está interessado no que o outro tem a dizer, a menos que possa levar a conversa de volta para si.
Uma maneira maravilhosa de exercitar a empatia é através da leitura de livros de ficção ou biografias – uma atividade que, infelizmente, está diminuindo; será mera coincidência?
A leitura de livros de ficção de diversos gêneros tem o poder de transportar o leitor para a mente do personagem, compreendendo seus atos e sentimentos. Todo leitor deve ter experimentado emoções ao se envolver com a história de vida de um personagem que, na vida real, jamais conheceria alguém igual, e mesmo que conhecesse, não o entenderia da mesma forma.
A falta de leitura contribui para a falta de empatia, e a falta de empatia enfraquece a humanidade das pessoas.
Mais um motivo para a leitura, que só nos oferece vantagens. O que você está esperando para incluir esse hábito em sua vida, hein?
Como de costume, vou deixar minha lista de livros favoritos aqui; talvez, lá você encontre sua próxima leitura.
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