Death Cafe ou “Café da morte” se for traduzido, reúne duas palavras que parecem ser opostas.
O que a morte, fria e solitária, tem a ver com um momento agradável e quentinho?
De modo geral, as pessoas não gostam de falar sobre a morte. Algumas até acreditam que falar sobre a morte irá atraí-la, quando, na verdade, todos estamos caminhando na direção dela.
Também já estive no time “Ela lá e eu cá”, mas um livro que descreve a morte de tantas formas, e aborda a importância de falar sobre ela, me deu uma nova perspectiva sobre o fim da vida. Mais à frente falaremos sobre ele.
Presenciei a morte de uma pessoa querida, certamente o pior momento da minha vida. Mas foi também um momento de consciência da vida e da morte, como se antes não estivesse vivendo de verdade e, a partir daquele momento, descobrisse como as coisas realmente são.
Algumas pessoas decidiram quebrar esse silêncio e se reunir, bebendo café e comendo bolo, para conversar sobre a morte. Assim, nasceu o Death Cafe.
O que é o Death Cafe?
Baseado nas ideias do sociólogo e antropólogo suíço Bernard Crettazz, que compreendeu a necessidade das pessoas de conversarem sobre a finitude da vida, surgiu o encontro chamado Death Cafe.
Esses encontros não têm fins lucrativos ou terapêuticos e não estão vinculados a nenhuma instituição. São apenas pessoas reunidas para trocar suas experiências sobre o fim da vida e compartilhar suas dúvidas e medos.
Nesses encontros, costuma ser oferecido bolo e café para proporcionar um sentimento íntimo e deixar os participantes mais confortáveis.
Edições do Death Cafe ocorrem em vários países, inclusive no Brasil. Não encontrei endereços específicos para listar aqui, mas em uma rápida pesquisa, você descobre se tem alguma edição acontecendo perto de você.
Se eu tiver oportunidade, participarei. E você, participaria?
Conheça o livro que me fez descobrir a existência desses grupos e que também me deu novas perspectivas sobre a morte.
Conheça o livro “Precisamos falar sobre a morte”
Kathryn Mannix, médica pioneira em cuidados paliativos, descreve histórias de pessoas que sofrem de doenças incuráveis e estão em estágio terminal.
Através da leitura, conhecemos “Holly, que passou seu último dia de vida dançando; Eric, o professor aposentado que, mesmo com uma grave doença motora, fez o que precisava ser feito; Sylvie, de 19 anos, que em fase terminal de leucemia, costurou uma almofada para sua mãe abraçar depois que ela morresse”.
Este livro não é para qualquer um — pelo menos não em qualquer momento.
Na primeira vez em que tentei lê-lo, decidi que não era para mim.
Quem quer falar sobre a morte? — Pensei.
Depois de um tempo, mudei de ideia. Afinal, quem não gostaria de conversar sobre nosso destino?
Se o objetivo da autora do livro era transformar a vida das pessoas, posso dizer que ela conseguiu. Pelo menos mudou a minha vida.
Eu lembrei deste livro, mesmo estando mentalmente abalada, quando o médico me perguntou, repentinamente, se poderiam iniciar os cuidados paliativos do meu pai, porque ele estava morrendo; e morreu, três horas depois.
Ironicamente, este livro nos faz querer viver melhor, apreciar mais os bons momentos e estar perto do que nos faz bem.
Vou finalizar com dois trechos do livro que se tornaram inesquecíveis para mim:
“— Eu amo o nosso trabalho — comento enquanto estamos de pé no elevador do hospital, junto com um bebê recém-nascido em um berço, pais orgulhos e uma parteira.
— O que você faz? — Indaga a parteira, tentando ler nossos crachás para descobrir.
— Basicamente, o mesmo que você — responde Sonia quando as portas se abrem e saímos do elevador.
Sorrimos para a nova família e para a parteira, que está chocada com o comentário, a boca formando um O perfeito, enquanto a porta do elevador se fecha.
A verdade é que Sonia está certa. Nós somos as parteiras da morte. E é um privilégio, a cada vez que acontece.”
***
“Em toda nossa existência, há apenas dois dias com menos de 24 horas, posicionados como aparadores de livros na estante da nossa vida: um é celebrado todos os anos, mas é o outro que nos faz ver a vida como algo tão precioso.”
Eu comprei esse livro há bastante tempo em uma livraria, porque eu achei que abordaria o luto e eu queria estudá-lo para escrever meus livros.
Foi o melhor engano que eu já cometi.
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