Críticas sempre serão difíceis de serem digeridas; todo mundo sabe disso, e este texto não trata sobre como ser imune a elas. Pode ser que algum ser humano muito, muito mesmo, evoluído não se importe com as críticas, mas, convenhamos, quem aqui, né amigos?
— Então é isso? Pra que todo esse texto, então?
Quem costuma expor suas criações ou opiniões para o mundo precisa se acostumar com as possíveis avaliações negativas. Não que seja fácil, mas elas virão e é preciso estar preparado. E foi nessa de me preparar que acabei tendo algumas percepções que me ajudaram até na minha vida pessoal.
O que tenho notado é que a diferença está em como reagimos depois de receber a bendita crítica, e essa reação tem uma razão válida.
Vou começar descrevendo algo que aconteceu comigo há alguns anos, quando comecei a compartilhar meus escritos no meu perfil do Instagram.
A primeira crítica ao que escrevi
Antes de contar o que aconteceu, devo alertá-los de que a crítica que recebi não foi exatamente sobre a minha escrita, mas sim sobre o assunto abordado. Também não foi exatamente uma crítica direta, mas uma discordância. Como eu estava preparada apenas para a aceitação das pessoas em relação a tudo que eu escrevia, isso se tornou algo muito maior do que realmente foi, e vocês vão entender o porquê.
Eu comecei a expor meus escritos publicando textos reflexivos no meu perfil do Instagram com regularidade — hoje em dia, não publico mais esse tipo de texto com frequência, apenas quando surge algum insight.
Naquela época, o Instagram era mais receptivo a esse tipo de conteúdo, pois o império dos vídeos ainda não tinha iniciado: o Reel não existia e o TikTok não possuía o poder que tem hoje. O engajamento de fotos bonitas acompanhadas por uma legenda legal era gigante, se compararmos com os tempos atuais. Foi esse cenário que encontrei para me esbaldar nas publicações de textos.
Como eu precisava de uma certa frequência de postagens para ser vista pelos meus seguidores, postava tudo que vinha à mente. Escolhia um tema impactante, desenvolvia um textinho que coubesse no limite de 2.200 caracteres permitidos e esperava pelos likes e pela aceitação. Tudo isso era feito com dedicação e capricho.
Até que um dia, percebi que não estava dispensando atenção suficiente para o conteúdo abordado. Preocupava-me com a estética do texto, em escrever bem e escolher um tema que agradasse a todos, mas nunca tinha parado para pensar profundamente no assunto que escolhia. Afinal, eu não era especialista naquilo e não tinha a pretensão de me aprofundar ou compartilhar ensinamentos sobre o tema.
Eu só percebi o problema quando um rapaz que escrevia poesia, e que me seguia há bastante tempo e sempre esteve presente nas minhas publicações me aplaudindo, deixou a seguinte mensagem no meu direct, referindo-se à minha última postagem:
“Não concordo, mas respeito.”
Aquela mensagem me quebrou. Como assim não concorda? Não concorda com o quê?
Eu ainda acho que quem se dispôs a discordar de algo que alguém expôs deveria dizer mais do que apenas “Não concordo.”. Mas, naquela época, minha verdadeira preocupação não era essa, mas sim o fato de alguém ter discordado de um texto tão amigável e democrático.
Passei o dia todo remoendo aquilo e pensando se eu deveria questioná-lo, perguntando com o que ele não concordou. Mas aí um medo surgiu: e se ele explicar, o que eu digo?
Por fim, não questionei o rapaz e ainda tentei editar a legenda da minha publicação, pois talvez não tivesse ficado claro o que eu queria dizer e ele tenha interpretado mal.
Dias depois, aquela preocupação já estava no meu esquecimento, mas o que ficou marcado foi a minha reação. Se eu reagi daquela forma apenas porque uma pessoa discordou do que publiquei, e ainda teve o cuidado de dizer isso só para mim, como vou reagir quando eu receber uma dura crítica?
Foi a partir daí que comecei a perceber algo que mudaria minha relação com as críticas.
Minha descoberta sobre as críticas
A partir daquele fatídico dia em que um seguidor discordou de maneira educada do que eu havia escrito, comecei a analisar a situação para tentar evitá-la em outros momentos. Então, fui percebendo que o problema era eu ter me envolvido em um assunto que eu não conhecia.
Se estivesse preparada para debater sobre aquele tema, não teria problema em entender o ponto de discordância do rapaz, se existisse, ou até mesmo ignorá-lo sem me martirizar por um dia todo, considerando que não houve uma explicação. Mas acabei me sentindo ingênua, por ter abordado um assunto que tirei da minha cabeça, sem pensar muito a respeito.
O meu medo era não ter certeza de que o que escrevi estava mesmo de acordo com o que eu acredito, e não pela pessoa não ter concordado. Senti-me uma impostora por ter abordado algo sobre o qual tinha uma opinião rasa.
Tempos depois, outra situação parecida aconteceu, mas, dessa vez, envolvendo minha vida pessoal. Há tempos eu me incomodava com as críticas de pessoas próximas sobre uma escolha que fiz para minha vida. Isso se tornou um problema constante por anos.
Até que um dia, percebi que ainda não estava totalmente certa sobre aquela minha decisão, a geradora das críticas. Então, passei a analisar melhor minha vida para tentar me conhecer mais e entender se realmente era o que eu queria.
Essa análise durou bastante tempo, mas foi altamente necessária por dois motivos:
Primeiro, porque acho importante revisitarmos nossas decisões de tempos em tempos para descobrir se ainda temos o mesmo pensamento, afinal, passamos por constantes mudanças o tempo todo.
E segundo, porque, fazendo essa autoanálise, tive certeza do que queria e não me incomodei mais com a opinião de ninguém sobre aquilo.
Sendo assim, cheguei à conclusão de que eu me incomodava tanto com a opinião dos outros porque, no fundo, eu tinha dúvidas e não gostava quando as pessoas me faziam mergulhar nelas.
A partir do momento em que tive plena certeza da minha decisão, não me abalei mais com o que outras pessoas poderiam pensar, pois estava feliz com a escolha.
Essa descoberta sobre o meu comportamento diante das críticas me ajudou a lidar também com críticas aos meus livros.
Procuro dar o meu melhor sempre, com máxima dedicação; assim, não existe o sentimento de ter feito algo ruim, pois fiz o melhor que eu pude com o melhor que eu sabia.
E digo mais: é melhor ter um livro lido e criticado do que ignorado.
Acho bem chique quando esmiuçam cada cena do meu livro para dar opiniões sobre os acontecimentos, como se estivessem falando da vida de conhecidos, mesmo quando as opiniões não são boas.
É claro que, se houver muitas críticas ruins ou muitas críticas ruins se referirem à escrita ou estrutura do texto, seria um sinal de que temos um problema para resolver. No mais, os leitores vão amar e detestar os mesmos personagens, emocionar-se e achar tediosas as mesmas cenas. E eu me divirto com essas percepções.
Espero que essa autoanálise que fiz sobre mim ajude você a lidar com as opiniões sobre sua vida e seu trabalho. Eu bem sei o quanto é doloroso receber críticas negativas, mas estar ciente de ter dado nosso melhor ajuda a amenizar, sabe?
Então é isso.
Até a próxima!